quarta-feira, 22 de junho de 2011

Literatura cotidiana

Crescemos querendo uma vida de conto de fadas e pouco a pouco descobrimos que a realidade é algo que oscila entre a ironia de Machado de Assis e a crueza de Nelson Rodrigues. Só falta o túmulo ganhar um aforismo de Oscar Wilde.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Fantasiando

No dia que eu não couber mais nas suas fantasias, me avisa... Não quero você contando os segundos ao meu lado. Minha insensatez precisa das suas fantasias para se ocupar. Com elas quero tecer os meus dias e deliciosamente me ocupar em transformá-las em realidade. Perversões consentidas viram deliciosos jogos de sentidos. A minha oposição é passar a ouvir o tic-tac do relógio ao seu lado. Isso sim é a maior das perversões: sentir a vida passando e você perder a oportunidade de saber o quanto meu corpo pulsa pelo seu.






Vênus, possivelmente insana. Mas é melhor assim.Possivelmente amando também, mas essa já é uma outra estória.

Ode ao ridiculo

Hoje adoraria ter talento e coragem e fazer uma ode. Não uma ode qualquer, mas aquela que todos que viessem a lê-la se sentissem preenchidos e dissessem em alto e bom som: realmente ela tudo disse sobre o amor.
Depois da minha alegoria das bocas brotariam apenas palavras de amor: as que molham, que queimam, que preenchem...
Ninguém mais se ocuparia em guerrear, ou melhor, teríamos uma guerra despudorada entre corpo e desejo, daquelas que não é o desejo que termina, mas do corpo que adormece entregue a Morfeu.
As palavras insanas preencheriam todos os gritos ou os gritos seriam a melhor tradução das palavras? Das bocas brotariam os enredos de todos os enlevos. Os urros, gemidos e sussurros ecoariam em todas as paredes e as palavras ficariam a proteger os amantes, que falariam outras línguas e buscariam no vocabulário a destrava do desejo. Palavras loucas, trôpegas...
Os corpos se embalsariam da mistura dos perfumes e suores permitindo aos amantes alterar definitivamente seu cheiro pessoal.
Os corpos passariam a guardar tatuagens... Marcas de desejo...
Não. Definitivamente não. Falar de amor não é ridículo. Ridículo é achar que ele deve ter juízo, ser educado... A única coisa que é inodora, insípida, incolor e que nos faz bem é a água. No amor, precisamos de odores, gostos e cores.

Vênus, mulher completamente enfeitiçada e por isso não consegue achar ridículo tudo que acabou de escrever.  

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Não

Não me casei de véu e grinalda, pois os meus sonhos sempre foram além do pé do altar.
Não crio meus filhos para mim. Quero que eles cresçam, explorem o mundo em todas as suas possibilidades e encontrem na mãe o riso para a comemoração ou o colo para o acalanto.
Não cultivo falsas inseguranças. Gosto do risco e nele insisto. Prefiro ele a cadeira de balanço da mesmice.
Não me deixo envolver mais.
Não me permito mais a me levar a sério. Gosto do barulho de risos. Ganho o dia cada vez com um deles ecoa nos meus ouvidos e eu me dou conta de que fui eu que o provoquei.
Não gosto de gente séria. Só pode ser louco quem afirma que seriedade dá segurança. Gente séria dá é úlcera.
Não admito briga. A melhor maneira de me perder é começar uma.
Não tenho mais medo da morte, mas acho que enquanto alguém for capaz de se lembrar de mim eu estarei viva.
Não posso me esquecer de ser feliz. Não acredito que ela resida nas grandes coisas. A simplicidade hoje é capaz de aquecer o meu dia.
Não cultivo vícios. Que graça tem a vida se dependemos de alguma coisas para sobreviver?
Não me amarre. Me abrace.
Não me prometa nada. Não me encanto por promessas, e sim, pelo beijo bem dado, o abraço bem apertado e um sorriso bem gostoso.



Vênus. Simplesmente não.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Auto- ajuda

Detesto literatura de auto-ajuda e cada vez que entro numa livraria me supreendo com a variedade de publicações. Hoje existe auto-ajuda para tudo e talvez seja o que mais se mantem entre os mais vendidos.
As mulheres consomem avidamente para tentar entender os homens, mas como eles são de Marte e nós de Vênus, creio que eles continuaram eternamente marcianos. Acho que entender homem é uma impossibilidade. No máximo, eu me permito aceitar, gostar, me apaixonar, amar, deixar ou deixar partir. E os homens, pelo que eu escuto de rapazes insatisfeitos com seus relacionamentos, ele nos aturam. É, nos aturam. Triste, mas é como o diabo nos pinta.
No trabalho, como suportar seu chefe, ser notado, se relacionar bem com os colegas de trabalho. Enfim, soluções tranquilas para resolver todos os percalços e ignorando que viver é uma combinação infinita de problemas e de uma hora para outra a gente pode ver tudo ruindo e escorrendo das mãos, o que impossibilita de engolir o sapo e ter sempre foco.
Na verdade, as pessoas procuram soluções em comprimidos e se esquecem que viver é tomar soro na veia todos os dias e que o maior livro de auto-ajuda e de ajuda para a humanidade já foi escrito há muito tempo. Estou falando da Bíblia. Ah, mas ai um ou outro pode dizer, mas eu não acredito em Deus. A Bíblia pode ser lida por crentes ou não e lá encontramos que perdoar é divino, amar é regra número um de convivência e que do pó viemos e ao pó voltaremos.


Vênus, acreditando que viver e amar são as melhores ajudas que podemos nos dar.